‘Flashmob’ é confundido com atentado terrorista e causa pânico na Espanha

Jovens alemães fazem ‘flashmob’ em praia da Catalunha e causam choro, desmaios e ataques de ansiedade entre as pessoas

Choro, desmaios, ataques de ansiedade, pessoas feridas ao cair no meio da multidão que fugia para qualquer lado, pais carregando seus filhos, bolsas, celulares e todo tipo de objetos pessoais largados em restaurantes e bares. Este foi o saldo do pânico e da psicose desta terça-feira à noite por causa de umflashmob realizado por alguns turistas alemães em Platja d’Aro (nordeste daEspanha). A polícia, armada com submetralhadoras, se posicionou em pontos estratégicos das ruas. Cinco pessoas, de entre 20 e 25 anos, chegaram a ser detidas pelos agentes, mas já foram liberadas.

Pouco antes das 22h (17h em Brasília), como ocorre em qualquer dia de agosto nesse balneário da Costa Brava (Catalunha), as ruas estavam cheias de turistas atrás de diversão. Segundo testemunhas, em poucos segundos tudo mudou. Laura e Manolo, garçons do Restaurante Llevant, viram centenas de pessoas correndo da orla para a rua principal. Naquele momento, o restaurante tinha mais de 400 clientes nas mesas internas e externas. Gestos simulando disparos e gritos de “bomb, bomb” e “atentado” criaram um estado de psicose coletiva, segundo eles.

Os clientes foram sucessivamente se levantando, virando as mesas e jogando pratos e copos no chão, em cacos. Alguns clientes fugiram por várias ruas, mas a maioria se refugiou no interior –alguns nos banheiros, outros na cozinha, no jardim interno… Por segurança, o gerente mandou fechar as portas, sem saber o que acontecia. Mais de meia hora mais tarde, as pessoas começaram a sair, quando notaram a presença da polícia municipal e dos Mossos d’Esquadra (polícia regional catalã).

Foram justamente os mossos que socorreram uma jovem que caiu após desmaiar na porta da sorveteria Dino. Conseguiram reanimá-la e a colocaram em uma das ambulâncias que permaneciam nas ruas de Platja d’Aro. Os garçons do Dino também viram uma multidão subindo da praia, entre gritos e choro.

Algumas ruas mais adiante, no El Tamarindo, seu proprietário, Armand, relatava que havia deixado os transeuntes entrarem no seu estabelecimento para se refugiar. Mulheres e crianças choravam em meio a um grande estado de nervosismo. Ele ofereceu garrafas de água “a todo aqueles que vi que precisavam”. Após mais de meia hora, quando se soube que não eram armas reais e tudo podia ter sido um mal entendido, as pessoas também começaram a deixar o local.

Na pizzaria Sant Lluís essas cenas se repetiram. Os clientes que jantavam naquele momento saíram espavoridos por portas e janelas. Lá dentro, como em outros bares e restaurantes, ficaram bolsas, celulares e outros objetos de pessoas que, ao ouvirem a gritaria de quem corria na rua, decidiram também fugir. Muita gente perdeu os sapatos, que permaneceram nas ruas.

Raúl, segurança de um bar da região, contou ter visto “um pai desesperado que carregava os seus três filhos e corria; uma mulher em cadeira de rodas que rodava o mais rápido que já vi, e uma senhora que agarrou o seu filho do carrinho e saiu a toda velocidade”. Raúl acrescentou: “Outra caiu, fez um corte que sangrava, mas continuou correndo”. São fatos que jamais esquecerá, diz. Vários dos estabelecimentos fecharam depois do incidente. Poucas pessoas permaneceram no resto da noite nas ruas de Platja d’Aro.

Os donos de restaurantes e bares, alguns dos quais sofreram expressivos prejuízos, cogitam apresentar queixa para tentar ressarcimento. Em geral todos pedem que os autores do flashmob sofram um castigo exemplar. Um dos garçons que viveram essa situação kafkiana diz que “o melhor de tudo foi o final, por tudo o que podia ter acontecido”.