A misteriosa reaparição de ex-prisioneiro de Guantánamo desaparecido no Uruguai

Autoridades acreditavam que sírio Jihad Diyab, que permaneceu 12 anos preso pelos EUA por supostas ligações com grupo extremista Al-Qaeda, havia cruzado a fronteira com o Brasil.

Caracas, a capital da Venezuela, foi onde reapareceu o sírio Jihad Ahmed Mustafa Diyab, ex-prisioneiro de Guantánamo refugiado no Uruguai, cujo paradeiro era desconhecido por semanas.

Diyab, que permaneceu preso durante 12 anos pelo governo dos Estados Unidos por supostas ligações com o grupo extremista Al-Qaeda, apresentou-se na última terça-feira no consulado uruguaio na capital venezuelana para pedir ajuda.

“Ele queria ir à Turquia ou a algum outro país que não fosse o Uruguai, para se reunir com sua família”, informou a chancelaria uruguaia por meio de um comunicado na quarta-feira.

“Ele disse que não era de seu interesse retornar ao Uruguai, mas precisava da assistência de nosso país para alcançar esse objetivo”, acrescentou o órgão.

Desde o início de junho, as autoridades uruguaias desconheciam o paradeiro de Diyab.

Ele foi visto pela última vez na cidade uruguaia de Chuy, na fronteira com o Brasil, região conhecida por abrigar uma das maiores comunidades muçulmanas do Uruguai, formada essencialmente por palestinos, sírios e libaneses.

O sumiço de Diyab preocupou as autoridades. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, ele já havia tentado entrar duas vezes legalmente no Brasil, mas foi barrado por figurar em uma lista internacional de pessoas com ligações com o terrorismo.

Em junho deste ano, contudo, de acordo com o Ministério do Interior uruguaio, Diyab teria cruzado a fronteira entre os dois países – sem que houvesse registro da passagem em nenhum dos dois lados.

A companhia aérea Avianca chegou a emitir um alerta informando que o sírio poderia ter usado um passaporte falso para entrar no Brasil.

Refugiado
Nascido no Líbano, Diyab tem nacionalidade síria e foi preso em 2002 no Paquistão, por suspeita de ligação com o grupo extremista Al-Qaeda.

Ele ficou preso durante 12 anos em Guantánamo, a prisão mantida pelos Estados Unidos em Cuba, sem nenhuma acusação formal, até ser enviado junto a outros cinco detentos a Montevidéu, onde recebeu status de refugiado.

No entanto, a embaixadora dos EUA no Uruguai, Kelly Keiderling, afirmou que Diyab poderia ser “teoricamente” uma “ameaça”.

Já a chancelaria uruguaia informou que o sírio, na condição de refugiado, pode retornar ao país quando quiser. Mas ressaltou que não pode financiar sua viagem à Turquia.

“O governo uruguaio não tem condições financeiras para transferir Diyab à Turquia ou a qualquer outro país para que ele se reúna com sua família”, afirmou a pasta.