Washington ‘incita’ curdos a atacarem exército sírio em Al-Hasakah

Na cidade síria de Al-Hasakah os EUA provocaram um conflito entre curdos sírios e forças de Damasco para não perder influência caso a Turquia, a Rússia e o Irã criem uma aliança para resolver a crise síria, disse à Sputnik o analista e jornalista Hunsu Mahalli, acrescentando que as recentes escaramuças são uma parte do jogo geopolítico dos EUA.

“Até agora a Rússia e o Irã têm ajudado a manter relações cordiais entre os curdos sírios do Partido da União Democrática (PYD na sigla em inglês) e Damasco. O PYD cometeu um erro quando optou por cooperar com os EUA”, disse o especialista.

As milícias curdas apoiadas pelos EUA tentaram empurrar os grupos radicais, incluindo o Daesh e a Frente al-Nusra (organizações terroristas proibidos na Rússia), do norte da Síria e proteger a fronteira com a Turquia. Ao mesmo tempo, os curdos de fato estabeleceram uma autonomia nas áreas que estão sob seu controle.

Mahalli sublinhou que quaisquer esforços por parte do PYD e das Unidades de Proteção do Povo (YPG) para criar um estado independente serão um erro que não pode passar despercebido.

“Os norte-americanos têm dito repetidamente que têm um plano B para a Síria. Isso é o que eles queriam dizer. Tenho medo que os EUA decidam arrastar os curdos para um banho de sangue de larga escala”, acrescentou.

Os confrontos tinham começado na semana passada, mas agora foi acordada uma trégua. Segundo informações anteriores, aviões da Força Aérea da Síria lançaram ataques contra áreas controladas pelos curdos em Al-Hasakah, pela primeira vez nos últimos cinco anos de guerra civil no país, em resposta à tentativa das unidades de proteção curdas de tomar a cidade.

O analista político sustentou que esses eventos são parte de um grande plano dos EUA para a região. “Se o Ocidente leva a sério seus jogos geopolíticos de grande escala, e tendo em conta o incidente em Al-Hasakah, então a situação é preocupante”, disse ele.

O equilíbrio regional, de acordo com Mahalli, depende da aspiração da Turquia, Rússia e Irã de juntar os seus esforços para pôr fim à violência na Síria. Isto levará ao “enfraquecimento inevitável” de Washington, segundo o analista.