Erdogan anunciou medidas para submeter militares ao controle civil.
Ele diz ainda que vai substituir as escolas militares por uma universidade.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou neste sábado (30) diversas mudanças na estrutura das forças armadas do país. Segundo informações da agência de notícias Reuters, Erdogan disse, em entrevista à emissora A Haber, que vai fechar as escolas militares, substituindo-as por uma “universidade nacional de defesa”, e que “todos os comandantes militares reportarão ao ministro da Defesa turco”.
O anúncio de medidas para submeter os militares ao controle civil foi feito duas semanas depois que uma tentativa fracassada de parte do exército turco de tirar Erdogan do poder.
Ainda segundo a Reuters, entre as medidas anunciadas está a redução no número de policiais e a expansão dos armamentos destinados às forças de segurança policial.
Erdogan afirmou que a decisão de fechar todas as escolas militares do país será publicada no diário oficial até este domingo (31), e disse que as mudanças “tornarão o exército mais forte”.
Críticas a Gülen
Ainda durante a entrevista, Erdogan afirmou que Muhammed Fethullah Gülen, fundador do Movimento Gülen, que vive exilado nos Estados Unidos e é a principal voz da oposição ao presidente turco, é um “peão” e que há um “mentor” por trás dele. O presidente turco também afirmou que seu partido, o AKP, foi infiltrado por seguidores de Gülen, mas que eles não eram muitos, e que o partido foi “limpo” da presença deles.
Processos perdoados
Naa sexta-feira (29), o presidente turco disse que iria retirar todos os processos judiciaiscontra as pessoas que o insultaram na Turquia. Neste sábado, durante a entrevista à emissora A Haber, Erdogan disse que seus advogados já começaram a trabalhar nisso.
Segundo ele, a medida é um gesto de boa vontade após o fracassado golpe militar, mas não vale para acusações feitas em outros países.
“De uma só vez, eu vou perdoar e retirar todos os casos contra as muitas faltas de respeito e insultos à minha pessoa”, declarou Erdogan durante um ato em Ancara em homenagem às vítimas da fracassada tentativa de golpe de Estado.
Nos quase dois anos de Erdogan na presidência, quase 2 mil pessoas foram processadas por injúrias pelo líder turco, em alguns casos por simples brincadeiras ou comentários nas redes sociais.
Insultar o chefe de Estado pode acarretar penas de prisão de até cinco anos na Turquia, embora, antes de Erdogan, os presidentes turcos quase não tenham recorrido à Justiça por esse motivo.
Além de denúncias contra humoristas, jornalistas e personalidades públicas, foram registrados casos como os processos contra dois menores, de 12 e 13 anos, acusados de insultar o presidente por arrancar um cartaz de uma parede.