Polícia Nacional do Peru registra aumento no número de ‘mulas’ com destino ao Brasil
No dia 26 de julho, no bairro carioca da Lapa, a polícia brasileira confiscou 93 envelopes de cocaína com o símbolo dos Jogos Olímpicos do Rio e o aviso de “use longe das crianças”. No dia anterior, em uma cidade próxima da fronteira com o Peru, um nigeriano morreu intoxicado depois que algumas das 65 cápsulas de cloridrato de cocaína que ele levava dentro do estômago explodiram. A Polícia Nacional do Peru afirma ter detido neste ano, no aeroporto internacional de Lima, 92 “mulas”, em sua maioria com destino ao Brasil, além de algumas que pretendiam viajar para o México ou para a Espanha.
Egbo Chukwudum Chukwudi, de 53 anos, morreu em Puerto Maldonado (na selva sul do Peru, a 170 quilômetros da fronteira com o Brasil), quando se dirigia rumo a São Paulo, segundo declarou o chefe da Região Policial de Madre de Dios, general Máximo Sánchez Padilla, ao jornal La República. O nigeriano carregava um quilo e meio da droga e partira de Ayacucho, centro de produção de cocaína, para Lima e, depois, para a cidade amazônica.
Citando fontes da Direção Antidrogas (Dirandro), o mesmo jornal informou que alguns burriers são recrutados na África, chegam ao Peu como turistas e embarcam pelo Vale dos rios Apurímac e Ene (VRAE), onde existe a maior área de produção de coca, em direção ao Brasil. As terras no VRAE proporcionam um rendimento superior ao restante do país, podendo conter 20.000 arbustos de coca por hectare, segundo informa o Escritório para a Droga e o Crime das Nações Unidas (UNODC), em Lima.
“No Peru, um quilo de cocaína pode valer 1.000 dólares, mas a mesma quantidade é vendida em Manaus por 5.000 dólares, e em São Paulo por 7.000 dólares”, informou um policial ao La República.
Segundo o relatório de estatísticas de maio do Instituto Nacional Penitenciário, 2% dos presos no Peru são estrangeiros. Isso equivale a 1.804 pessoas, sendo 50 africanos. O país de origem com maior população carcerária no Peru é a Colômbia, com 264 detidos.
Embora a maioria cumpra pena por roubo com circunstâncias agravantes (27,8%), a taxa de presos por tráfico de drogas, por tráfico com agravantes ou por favorecimento para esse tipo de crime atinge 19%.
Segundo o chefe da Dirandro, várias pessoas que viajam para o Brasil levando cápsulas ovaladas de cocaína líquida podem ser presas em um único dia no aeroporto de Lima. “Suas histórias são tão terríveis que não chegam a se diferenciar muito umas das outras: costuma ser gente de classe média baixa, capaz de arriscar a vida e a liberdade por um punhado de dinheiro”, disse Pantoja àquele jornal.
Os policiais da Direção Antidrogas do Peru assinalam que seus colegas brasileiros já os haviam chamado a atenção para o fato de que o Brasil é o segundo maior mercado consumidor de cocaína do mundo. Calcula-se que, durante a Olimpíada, ele poderá até mesmo ultrapassar os Estados Unidos.
De acordo com um relatório de 2015 do Departamento de Estado dos EUA, o Peru é o maior produtor mundial de cocaína, ocupando o segundo lugar no total de área utilizada para o cultivo da folha de coca, atrás apenas da Colômbia.