Presidente turco culpa clérigo pelo golpe e pede que Obama o extradite

Gulen, clérigo residente nos Estados Unidos, era aliado de Erdogan.
Ele nega a acusação e se mostra contra a tentativa de golpe no país.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan discursou à população em Istambul, na tarde deste sábado (16). Ele pediu a Barack Obama que extradite Fethullah Gulen, clérigo residente nos Estados Unidos e apontado como o promotor da tentativa de golpe na Turquia.

“Ou vocês deportam Gulen ou o entregam para nós”, afirmou Erdogan no pronunciamento. Ele também disse que depois da extradição do “mentor do terror”, “muita coisa irá mudar na Turquia”.

Gulen, de 75 anos, já foi aliado de Erdogan e atualmente vive na Pensilvânia. Ele se mudou para os Estados Unidos em 1999, depois de ter sido acusado de traição na Turquia.

O clérigo nega envolvimento na tentativa de golpe que ocorreu na última sexta-feira (15). “Como alguém que sofreu múltiplos golpes militares durante as últimas cinco décadas, é especialmente insultante ser acusado de ter alguma relação com esta tentativa”, afirmou, em comunicado divulgado na última madrugada. “Nunca enxerguem uma intervenção militar como algo positivo, a democracia não pode ser alcançada dessa forma”, afirmou Gulen à população turca.

Tentativa de golpe
Às 23h (17h00 de Brasília) desta sexta (15), o primeiro-ministro turco Binali Yildirim denuncia uma “tentativa ilegal” de tomada do poder por um grupo dentro do exército, pouco após o fechamento parcial das pontes sobre o Bósforo em Istambul.

Um pouco antes da meia-noite (18h de Brasília), um comunicado das “forças armadas turcas” anuncia a proclamação da lei marcial e um toque de recolher em todo o país, após a mobilização de tropas em Istambul e na capital Ancara. A declaração é assinada pelo “Conselho para a paz no país”, que diz ter “tomado o controle do país”.

Por volta do mesmo horário, grupos de monitoramento de internet diziam que o acesso ao Facebook, Twitter, YouTube e outras redes sociais foram restritos na Turquia.

Confrontos, com aviões e tanques, resultaram em cenas de violência em Ancara e Istambul. A violência foi travada entre os rebeldes e as forças legalistas, bem como dezenas de milhares de pessoas que saíram às ruas do país. Aviões de caça voavam a baixa altitude na metrópole, e o Parlamento foi alvo de uma série de ataques aéreos. Mais tarde, um avião lançou uma bomba perto do palácio presidencial.

O parlamento turco foi alvo de bombardeios militares e diversos carros foram destruídos durante a tentativa de golpe militar que resultou em 265 mortes, sendo 161 civis e 104 militares golpistas. O golpe foi conduzido por militares contrários ao presidente turco.