Líbano – Do Passado ao Presente

Conhecido como o país dos cedros milenares, o Líbano é um pequeno país na costa leste do mediterrâneo, entre a Ásia, África e Europa. Seu nome significa “branco”, em virtude dos cumes de neve de suas montanhas durante o inverno. Mencionado em escritas cuneiformes babilônicas, hieróglifos egípcios, e mais de 90 vezes no Velho Testamento, o país possui um histórico cultural que remonta 3.000 a.C., além de ter sido cenário de passagem dos diversos profetas, das três importantes religiões monoteístas.

No Líbano existem três idiomas oficiais: o árabe, o francês e o inglês; e embora haja pouco mais de 4 milhões de habitantes no país, estima-se que cerca de 12 milhões de libaneses vivam no exterior, sendo mais de 8 milhões deles, somente no Brasil. O país comporta diversas comunidades estrangeiras, inclusive uma comunidade brasileira de 10 mil habitantes, e atualmente, mais de 1 milhão de refugiados sírios.

O país faz fronteira ao norte e leste com a Síria, ao sul com Israel, e a oeste, possui 210 km de costa mediterrânea. As maiores cidades no Líbano são Beirute, Trípoli, e Zahle, e suas cidades costeiras mais célebres e milenares são Sídon, Tiro e Biblos. Não tem como falar do Líbano, sem voltar à História, portanto, vamos voltar um pouco no tempo…

As três cidades milenares famosas do Líbano, foram importantes centros de comércio para os antigos fenícios, como assim eram chamados pelos gregos, os cananeus, povo semita descendente de Canaã, o quarto filho de Cam, e segundo filho de Noé. Os fenícios receberam esse titulo em virtude da púrpura, originada na região, mas nunca houve de fato um Estado fenício, cada cidade-estado, era um reino independente, com características próprias, e crenças politeístas.

Usando os lendários cedros que cobriam suas verdejantes montanhas, os fenícios, diante do crescimento da população, passaram a construir barcos de madeira de cedro, e deram inicio ao comércio marítimo.

Embora eles fossem ótimos artesões, se destacaram no comércio de madeira de cedro, púrpura, incenso, gomas e vidro, cuja técnica de transparência eles dominavam. A prosperidade fenícia despertou a cobiça de outros povos, como os hititas, khuritas e hicsos, que passaram a invadir e atacar, impiedosamente, o país. Os hicsos invadiram a região no inicio do século XVII, e seu domínio durou 200 anos, sendo sucedido pelo domínio egípcio, no século XV.

Os fenícios somente reconquistaram a sua independência, após a decadência do império egípcio. Durante os três séculos seguintes, eles recuperaram navegação comercial, e expandiram sua economia por toda a bacia mediterrânea, o norte da África, e parte da Europa.

Através da formação de caravanas eles fundaram colônias comerciais por todo o mediterrâneo, e percorreram desde o Mar Vermelho até o Estreito de Gibraltar, realizando trocas de produtos com a Europa, Arábia, Egito e África. A mais importante colônia fenícia foi a de Cartago, fundada pelo povoado de Tiro, no século IX, na costa norte da África (atual Tunísia).

Durante o segundo milênio antes de Cristo, eles criaram o alfabeto de 22 símbolos fonéticos, que substituiu os hieróglifos egípcios, e as gravuras cuneiformes mesopotâmicas, tornando-se, então, a base de todos os demais alfabetos existentes. Mas apesar de toda a expansão comercial, econômica, e sua contribuição cultural, os fenícios acabaram sofrendo novas intervenções, invasões e dominações de potências da época. Dentre os povos que ocuparam e dominaram a Fenícia, estão os assírios, babilônicos, persas, gregos, bizantinos, árabes, omíadas, abássidas, cruzados, mamelucos e otomanos e suas dinastias locais.

Durante a dominação otomana, governada por governadores estrangeiros (1861 a 1915), o Líbano viveu um período de justiça e paz, várias escolas, revistas foram fundadas, inclusive o primeiro jornal oficial do país. Grandes publicações em árabe, de escritores e acadêmicos, promoveu um rico intercambio entre libaneses e europeus, gerando grande desenvolvimento cultural ao país.

Em 1876, o Imperador Dom Pedro II visitou o Líbano, e encantado com o país e seu povo, se dedicou a estudar árabe, e aprender mais sobre a cultura libanesa. Na sua partida, num gesto de carinho à nação que tão bem o acolheu, ele estendeu o convite para que os libaneses também fossem ao Brasil. O que de fato ocorreu, a partir de 1880, devido aos constantes conflitos entre drusos e cristãos. Após o êxodo libanês, o país passou por um período de grandes dificuldades naturais, sociais e políticas, que durou até o mandato francês, quando foi fundada a República do Líbano, porém, ainda sub a tutela francesa.

Apesar das diversas mudanças positivas, o Líbano clamava por independência, com total apoio dos demais Estados árabes, e então, em 1943, a França declarou a independência do Líbano. Com a independência, começaram as disputas políticas entre as grandes famílias do país. De 1954 a 1967, o país teve um grande crescimento econômico e cultural, tornando-se o melhor da região, sendo chamado de “Suíça do Oriente Médio”, devido ao seu renomado sistema bancário.

Beirute era a “Paris do Oriente Médio”, por seu elevado nível cultural, e por funcionar 24hs. A riqueza vinda dos 70 bancos internacionais que movimentavam milhares de dólares por dia, dos países árabes, tornou o Líbano o destino de férias dos árabes ricos, emires do Golfo Pérsico, e celebridades.

Mas, depois da derrota árabe na guerra contra Israel, os palestinos refugiados no Líbano se aliaram a esquerdistas libaneses e muçulmanos, causando várias tensões políticas. Após o massacre na Jordânia, eles transformaram seus campos em fortalezas, e ganharam força dentro do país. O exército tentou controlá-los e o governo pediu a ONU uma solução para a causa palestina, porém, em 1975 estourou a guerra civil libanesa, e Beirute se dividiu em duas partes: o lado cristão e o lado muçulmano.

No ano seguinte, Israel atacou os palestinos no sul do Líbano, aumentando o conflito. De 1982 a 1990, a guerra se expandiu por todo o país, causou muita destruição, e um saldo de 200 mil mortos, quase 18 mil desaparecidos, 300 mil feridos, e um novo êxodo, de cerca de 450 mil libaneses.